Estava eu no centro de saúde, a espera que o meu avô saísse do consultório, quando entra uma senhora já com um bocadinho de idade, com uma cara de esgotamento, tristeza e desconsolo. Estava lá outras pessoas na sala de espera. Nisto, como é habitual nalguns idosos naquela sala de espera, ela começa a falar da vida dela, e do problema de saúde que tinha. Tinha sido diagnosticada com diabetes tipo 2 a pouco tempo. Ela estava a falar com a senhora do lado sobre o problema dela, e a tratar-lo como se fosse a pior coisa do mundo por causa das complicações que poderá vir a trazer.
Não é muito o meu costume ouvir as conversas dos outros, muito menos meter-me nelas quando não têm nada a ver comigo, mas como estava ali ao lado e algumas das coisas e o estado em que a senhora estava me captaram a atenção, eu meti-me na conversa, e estivemos a falar as três sobre a diabetes.
Comecei por perguntar à senhora se ela tinha diabetes (era óbvio que ela tinha, mas pronto). Quando ela me confirmou que tinha, eu disse-lhe que também era diabética, e mostrei-lhe o meu guia de diabético (um livrinho verde que todos os diabéticos possuem). Ela (e a outra senhora) ficou extremamente chocada por ver que eu sou tão nova e que já tenho diabetes. Ficou ainda mais espantada quando eu lhe disse que há pessoas mais novas ainda com diabetes, e que também há quem nasça com a doença.
Tivemos uma conversa sobre algumas das complicações, e sobre os comprimidos que têm que ser tomados para o resto da vida. Eu falei-lhe na minha insulina, porque no meu caso não tomo comprimidos, e expliquei-lhe que tenho que medir os níveis e fazer injecções de insulina cada vez que como qualquer coisa. Expliquei-lhe também que se tiver os níveis de açúcar mais altos, ou comer um bocadinho a mais que aumento a dose de insulina, ou se tiver os níveis mais baixos ou comer menos, que diminuo a dose.
A senhora perguntou-me se eu levava comida comigo, e eu disse-lhe que por acaso não mas que devia de levar sempre. Expliquei-lhe que não levo porque costumo ir lanchar a um café, e que antes levava um pacote ou dois de bolachas na mala, só que as bolachas partiam-se todas. Disse-lhe que levo sempre o açúcar comigo.
Depois eu disse à senhora que embora a diabetes poderá vir a levar muitas outras complicações, não é a pior coisa do mundo se estiver controlada. É preciso é saber viver e lidar com a diabetes, e nunca contra. Disse-lhe também que não me queixo da minha doença porque, se estiver sempre controlada, há doenças muito piores que a diabetes. A senhora já se apresentava mais calma com uma cara e sorriso mais alegre.
A diabetes, quer seja tipo 1 quer seja tipo 2, não é o fim do mundo. É preciso aceitar a doença e aprender a viver com ela. =)
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