Um blog sobre as minhas experiências, e os meus conhecimentos sobre a Diabetes, e outros temas relacionados com a saúde.
"A palavra magica para quem tem medo da Diabetes (T2, ou complicações da T1) é a prevenção"
quarta-feira, 27 de junho de 2018
Diabetes numa criança, e a escola.
Quando se tem diabetes, e se volta para a escola ou para o trabalho depois do diagnóstico, ou quando se começa numa escola nova, ou um emprego novo, é fundamental contar aos amigos e colegas sobre o seu problema. Não é fácil para muita gente contar logo, porque não querem falar sobre a doença ou não têm coragem para falar. Mas é conveniente dizer-lhes logo do que estar a preocupar sobre quem sabe ou não. Se for possível, é uma boa ideia um enfermeiro especialista na diabetes, ir a escola e falar com a turma sobre diabetes, na presença dos professores, incluindo os de educação física.
É fundamental que todos saibam pois se acontecer alguma coisa assim as pessoas já sabem como agir e o que fazer.
Posso partilhar um caso que aconteceu com uma menina de 16 anos. A história é verdadeira, mas os nomes fictícios.
"Uma manhã de segunda feira eu tinha acabado de acordar e antes de abrir os meus olhos eu estava a pensar na roupa que iria vestir nesse dia. Abro os olhos e a primeira coisa que vi foi o teto que era diferente do teto do meu quarto. Ouço uma pessoa a falar em espanhol, e a segunda coisa que me veio a cabeça foi "Não acredito!! Raptaram-me durante a noite e levaram-me para Espanha!!!!!"
A senhora deu conta que eu tinha acordado e perguntou-me o meu nome. Eu não respondi porque ainda estava a pensar no que é que eu estava ali a fazer e como vim ali parar. Ela depois perguntou se eu sabia qual a insulina que estava a tomar, e eu respondi "Ana Maria Sousa Martins".
Tinha tido uma quebra de açúcar muito grave, e fui para ao centro de saúde. Depois levaram-me para o hospital, e lá passei o resto da minha tarde.
Depois de recuperar, ao regressar para a escola, perguntei as minhas colegas o que tinha acontecido. Não me lembro de nada, só me lembro de acordar no centro de saúde a pensar que ia acordar em casa.
Elas pediram-me logo desculpa pois não tinham noção de que estava a ter uma quebra de açúcar. Na rotina de manhã, depois de entrar na escola e antes de ir para as aulas encontrávamos nos sempre todas na biblioteca, e eu deitava sempre a minha cabeça nos livros, como fiz nesse dia. Achavam que eu estava normal. Depois quando chegou a hora de entrar para a sala de aula chamaram-me para ir embora. Deixando as coisas na mesa levantei me e para sair da biblioteca e chamaram me atenção para buscar os meus livros. Voltei para trás e peguei nas minhas coisas.
Na sala de aula continuei a por a minha cabeça nos livros, e as minhas colegas tentaram chamar me atenção para estar atenta à aula. A professora deu conta e perguntou o que se passava. Elas disseram que eu estava a dormir, e supostamente toda gente começou se a rir. Não acredito que tivessem estado a rir por muito tempo pois a professora veio ter comigo para ver se eu estava bem. Disseram me que os meus olhos já não tinham vida e que eu estava pálida. Parecia uma zombie.
Não sei o que aconteceu a seguir, devem de ter chamado uma funcionária ou assim. O meu primo tinha me dito que o chamaram e disse me que tentaram dar me açúcar mas eu deitava o fora e fazia um sinal de não com a cabeça.
O que aconteceu a seguir chocou me muito mesmo. A minha sorte é que eu estava a fazer um tratamento diferente e não precisava da insulina a hora de almoço nem da parte da manhã, então não tinha a insulina comigo. A minha directora de turma deu me um raspanete daqueles valentes, porque não tinha insulina comigo, e se tivesse podia ter evitado ir ao centro de saúde. Eu fiquei tipo huh???? Se me dessem insulina correria tudo mal!!! Podia não estar cá!!! E depois quanta é que iriam dar??? O cartucho todo?????
Como é óbvio falei com a minha mãe e claro que ela foi a escola. Levou exactamente o mesmo raspanete, e tivemos que explicar o que era a insulina e para que servia, e o que poderia ter acontecido se me a tivessem dado. A directora de turma estava convencida que quando um diabético tem uma hipoglicemia tem que tomar a insulina, porque naquela altura, numa novela da televisão havia uma rapariga que tomava insulina cada vez que tinha os níveis baixos. Esta informação está completamente errada e podia ter acabado com a minha vida."
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